Unindo Arte e Tradição: Exposição de Barcos à Vela em Penedo - AL
Em Janeiro, a cidade de Penedo em Alagoas se transforma e um estado de euforia e animação toma conta. É a tradicional festa do Bom Jesus dos Navegantes, que reacende a fé dos ribeirinhos através de sua programação religiosa e a famosa procissão fluvial, e movimenta a economia com a chegada de turistas e atrações de fama nacional para a programação artística.
A programação cultural não fica de fora, afinal Penedo é um celeiro de artistas das mais variadas vertentes. E no dia 10 de janeiro, uma ação particularmente me chamou a atenção: a exposição de barcos à vela na orla ribeirinha.
Assim que eu cheguei ao local, os preparativos finais para a exibição estavam sendo realizados.
Registro feito no celular pois esse foi o impulso de todo mundo que chegou lá, e acredite, estava lindo demais.
Com o título de “Viva Velho Chico”, a exposição contou com obras de 3 artistas plásticos locais, que fizeram das velas dos barcos dos pescadores suas telas, e traçaram no tecido com suas tintas formas e cores que remetem a cultura ribeirinha e ao cotidiano do povo penedense.
OS ARTISTAS E SUAS OBRAS
Dório Fireman Feitosa é nascido em Igreja Nova, mas mudou-se ainda menino para a cidade de Penedo. Na cidade histórica, despertou o encanto por tantos casarios que ate hoje se encontram por suas arruelas. A forma que o menino via de demonstrar seu encantamento era passando para o papel tanta beleza e assim passou a reproduzir e claro ganhando elogios de todos.
Com o passar do tempo foi aprimorando seu dom até descobrir a técnica que mais expressasse o seu encantamento com prédios e fotos antigas, que é a técnica de Betume Judaico sobre Eucatex.
Fotos: Amanayara Carvalho
Uma artista "danada", como recentemente foi chamada em artigo no site Alagoas Boreal, Karina surpreende pela riqueza dos traços e por uma inquietude que transcende os limites da cidade natal Penedo. Também é escultora, com trabalhos cheios de impacto visual e que não tem medo de explorar temas mais críticos.
Fotos: Felícity Glass / Arquivo Pessoal da Artista.
MARCOS ANTÔNIO RAMOS DOS SANTOS
Conhecido popularmente como Castanha, Marcos é um artesão completo. Pintor e Escultor, faz obras com maestria, mesmo sem nunca ter sido discípulo de nenhum mestre. No site Correio do Povo, o professor Raul Rodrigues tece comentários sobre suas proezas: "o artista plástico tem telas pintadas por lugares que nem ele mesmo sabe. E escultura, o artesão já perdeu as contas de quantas fez. E, Castanha não faz qualquer escultura. Ele faz a escultura!"
E Raul continua: "De tão promissor artista, chegou ao lugar de destaque entre os artistas penedenses, ocupando importantes papéis no cenário nacional. Castanha já foi levado para São Paulo por alguém que entende das artes desenvolvidas por Castanha, onde lhe foram oferecidas condições plenas de trabalho." Foto: Arquivo Pessoal do Artista.
APRESENTAÇÃO DE CAPOEIRA: MESTRE BENTINHO
Durante a exposição, o grupo de capoeira Mandigueiro presidido pelo Mestre Bentinho apresentou a roda de capoeira e contagiou com a energia das crianças praticantes da arte. Em 1990, aos 12 anos, Rogério José dos Santos, hoje Mestre Bentinho, se iniciou na capoeira no Grupo Raízes de Penedo com o Contra Mestre Coragem, mais conhecido como Deli, no Bairro do Oiteiro, Penedo, Alagoas. Enquanto era aluno, Rogério viu muitas crianças que desejavam aprender a capoeira mas não tinham condições de pagar. Por isso, doze anos depois, em 1998, se tornou professor e passou a dar aulas para crianças carentes no quintal de sua casa. Além do grupo Raízes de Penedo, participou do grupo Abalou Capoeira e fundou o Grupo Pura Ginga de Penedo. Há 9 anos fundou o Grupo Mandingueiro de Penedo.
Mestre Bentinho ministra aulas de capoeira em escolas de vários bairros carentes de Penedo atingindo cerca de 350 crianças. Coordena o Projeto Capoeira Fazendo Acontecer, no Barro Vermelho onde cerca de 30 crianças e adolescentes participam gratuitamente das aulas e de diferentes atividades e eventos voltados para sua formação como capoeira e cidadão. Fotos: Arquivo Pessoal do Mestre.
AQUELE GOSTINHO DE QUERO MAIS
Os refletores posicionados já entregavam que o espetáculo se estenderia até a noite. E realmente, ver aquelas obras iluminadas fez todo o sentido. Não apenas as pinturas, mas os próprios barcos exercem um fascínio tremendo em quem os vê, pois fazem parte do cotidiano dos pescadores. É dos barcos que eles tiram o seu ganha pão, navegam pelo rio e se deslocam pelas águas fazendo as atividades de sua rotina. Durante uma noite, eles foram atração de um evento, mas todos os dias, eles são atração da vida de Penedo. Basta olhar para o rio e lá terá uma obra de arte a navegar.
Para finalizar, deixo aqui a minha marca registrada de toda a saída que faço: a foto de reflexo! Onde tiver uma pocinha, eu estarei lá. Na foto da selfie dá para ver o filete estreito de água na rampa. Foi ele que serviu de base para a foto a seguir - espero que goste :D
Abraços e até o próximo post aqui no #fotopartilha.